Fiquei te olhando de longe, seu cabelo desgrenhado, sua bermuda surrada, seus gestos, fiquei observando seu jeito de mexer com as mãos, teu jeito de andar, de sentar, de falar, te vi feliz, sorrindo, mostrado os dentes daquele jeito que eu adoro, continuei olhando mesmo sabendo que era errado estar ali, mais eu não resisti a você (só pra variar), tive que encostar o carro, só pra te olhar de longe, por um instante todo mundo que tava ali sumiu e só havia você, reinando absoluto, com essa sua luz que se aproxima do sol de tão intensa, tão forte, tão quente que eu podia sentir você mais perto.
Eu continuei a te olhar, te vendo ser gentil com os amigos e com as amigas, te vendo brincar com o copo na mão, te vendo cochichar com o seu irmão, continuei vendo seu olhar, pensei por um instante que tivesse me percebido ali, mais não, talvez eu tivesse me tornado invisível pra você, talvez você nem me reconheça se eu ficar na sua frente, mais só por aquele instante valeu a pena te ter ali tão perto mais ao mesmo tempo tão longe.
Você conversou, bebeu, fumou, teve todo aquele charme, toda aquela calma que me deu vontade de me aproximar e dizer "oi", me deu vontade de ir contra tudo e te beijar, te sentir mais perto, mais próximo da minha vida, mas o "toc toc" da realidade veio me despertar dessa ilusão, e eu dei partida no carro, acelerei, você foi ficando cada vez mais distante, meus olhos se encheram de água, talvez não fosse o certo eu ir embora e te deixar ali, mais fazer o que? o que você ia pensar?, eu tive que ir, mesmo contra o meu coração.
Já era tarde quando cheguei em casa, corri pro quarto, peguei o computador só pra ver uma foto sua, não resisti, tive que escrever, pra controlar essa vontade louca que eu tava de pegar a chave e correr pra você.
Tudo bem, só por aquele momento, valeu a pena de ver depois de tanto tempo, mesmo que nem tenha percebido que eu estava ali, tão pertinho, te admirando, resistindo, sentindo.